26 junho 2014

Estamos livres!

Estamos livres,

estamos livres pra voar onde quisermos, temos casa, comida e roupa lavada.

estamos livres pra decidir se lutaremos, pois temos casa comida e roupa lavada.

estamos livres pra não fazer nada o dia todo, temos casa, comida e roupa lavada.

estamos livres para decidir se ler é mais importante que a prática da militância, temos casa, comida e roupa lavada.

estamos livres para mudar de casa quando quisermos, temos casa comida e roupa lavada.

estamos livres para sermos pobres e vivermos apenas de 400 reais, temos casa, comida e roupa lavada.

estamos livres para não lutar, para decidir se essa ou aquela luta é conveniente e sincera, temos casa, comida e roupa lavada.

estamos livres, assim que tudo acabar, o colchão quente e com travesseiro está a nossa espera.

temos casa, comida e roupa lavada.

eu não tenho casa, comida e roupa lavada, mas sou livre, sou livre para decidir o que realmente quero. No fundo, a nossa casa é a rua, a comida o lixo e a roupa mero presente da amiga Marisa.

09 março 2014

Aquele mesmo rapaz Stalinista.

- Acabei de ser estuprada, agredida, me enfiaram uma vassoura no anus. Estou doendo, estou machucada. Preciso de ajuda, eu sangro. Estou humilhada, saturada. Me amputaram um peito. Deram-me um soco nos olhos, eles estão lacrimegando. Ajude-me, ajude-me a levantar.

Ela gritava socorro, e ali passava um rapaz com a camisa do Bangu, era estudante, morador da Zona Norte do Rio e comunista. Mas a unica coisa que ele conseguiu fazer, foi gritar:

- 1966 gols de Aladim, Ocimar e Paulo Borges, Bangu campeão!

 


06 março 2014

Em momento de crise [1]

Saudade da estrada, saudade de ser feliz sozinha, saudade de não sentir nada, saudade de sentir.
Aquela saudade do novo, do antigo quando era novo e da amizade que estava começando.
Estou com muita, muita saudade de quando eu não conhecia nada nem ninguem aqui no Rio e pedalava até o Aterro, só pra ficar sozinha pensando em como seria legal ter amigos antigos ali comigo.

22 janeiro 2014

Ipanema e o mundo digital

Era uma vez, a muito muito tempo atrás, num mundo digital, todo mundo ia ver o por do sol, mas não via ao vivo, esperava pra chegar em casa pra postar no facebook e ver em conjunto com os amigos virtuais. Um dia, chegou nesse mundo, uma estrangeira, ela sorriu vendo o sol, via no sol a inocência das crianças brincando na praia, a alegria da rapaziada surfando e a doideira da mulherada fazendo golfinho, peixinho, jacaré nas ondas do mar.
Antes de ir embora, a garota direcionou o olhar mais uma vez pro por do sol, e ao invés de só vê-lo postado no facebook, deu uma leve piscada pra registrar, e tem essa imagem até hoje no coração. Pra compartilhar com todos os amigos, que não são virtuais, ela os convida pro ambiente, assim eles terão sua própria fotografia.

05 janeiro 2014

Azul é a cor mais quente, azul é o que me traz um fio de esperança

Esses dias fui a casa de uma amiga e decidimos assistir um filme que tivesse uma linguagem diferente do convencional, o escolhido foi "Azul é a cor mais quente".
Um filme original e que foge do pobre enredo romântico, onde a garotinha se apaixona pelo garoto mais velho, há empecilhos para ficarem juntos, mas no final há felizmente um casamento feliz ou uma morte súbita.
A principal é Adèle, garota de 15 anos que ao começar a vida sexual, conhece um garoto perfeito pros enredos bregas como escrito anteriormente, mas o que o telespectador não espera, é que na verdade ela não se apaixona por ele, apática à historia que eles começam a viver, Adèle decide, depois de uma noite de sexo, abandona-lo e ficar sozinha.
Saindo da sala de aula e fumando um cigarro, encontra uma garota, que mostra desejos por outras mulheres e da-lhe um beijo e vai embora. Adèle, crente de que aquilo pudesse ser um romance, quando encontra a garota no banheiro, decide entrar e retribuir o beijo, a moça encabulada, diz que Adèle confundiu tudo e sai, prometendo não contar a ninguém o que aconteceu.
Frustrada, mas não apaixonada, Adèle sai pela rua apática a tudo que lhe acontece ao redor e encontra uma garota, a garota dos cabelos azuis que tempos depois daria cor, luz e cheiro a sua vida. Numa noite de sonhos, se imagina com a garota e a cena não corta sons de prazer, muito menos cenas quentes de masturbação diante de uma imaginação calorosa.
Com um amigo, a protagonista do filme vai a um bar lésbico e encontra a garota dos cabelos azuis e a partir daí, ambas começam a se encontrar, se apaixonam e o autor dá um toque especial ao filme, cheio de detalhes nas cenas, filmando o cotidiano de ambas e cenas com zoons nas partes dos corpos juntos ou individuais. Uma das cenas mais chocantes do filme é o primeiro sexo das duas, e o primeiro de Adèle, que se encontra nesse amor e se apaixona por Emma, a sua garota dos cabelos azuis.
A partir daí, o roteirista explora conversas intelectuais entre as duas, Adèle é uma professora de ensino infantil que lê muito e Emma é pintora, que conhece todo ambiente artístico. Entre cenas de festas e de paixões, a apatia de Adèle parece voltar, mas a paixão demonstrada por ela não parece acabar.
A protagonista tem um amigo no trabalho e isso estraga todo o seu romance com Emma. Se sentindo sozinha, porque sua companheira começa a trabalhar e supostamente ter um amor pela ex namorada, que é a companheira de trabalho, Adèle decide viver esse romance com o rapaz e uma certa noite, Emma descobre e a manda ir embora.
Sua vida que já estava sem cor, passa a viver numa escuridão, apenas trabalhos e casa. Anos depois se encontram, mas Emma está satisfeita com a vida que leva junto a ex namorada e a filhinha que tem juntas.

O filme é uma mistura entre o desejo pela moça dos cabelos azuis e o encontro e desencontro de uma vida que não sabe como levar. Adèle a todo momento parece apática com o que vive, o melhor do filme é que nenhum dos romances que vive, são protagonistas do filme, a solidão e apatia de Adèle o são e isso traz ao telespectador uma profunda intimidade pela personagem.
Ela termina o filme como começou, sozinha, confusa e apática a tudo que está ao seu redor. Um bom fim, já oque tradicionalmente, mesmo nos filmes mais alternativos que vemos pelas cenas fora de Hollywood, é a personagem principal terminar de alguma forma, satisfeita com seu fim.
Esse filme procura mostrar o cotidiano de uma garota simples que tenta levar a vida de alguma forma, que está se conhecendo a todo momento. Nós, mulheres comuns, tbm somos assim e por isso, trazemos para nós suas dores e descobertas. Um enredo sincero e que passa para alem de um romance cheio de torturas e falta de fôlego, um cotidiano simples e comum, como todas nós vivemos, sem fantasias e castelos encantados.

16 novembro 2013

Capitães de Areia existe - vivem na praça XV e em todos os outros centros das cidades grandes!

Nesse feriado do dia 15 de novembro, estive numa festa na Praça XV aqui no Rio e me deparei com uma cena triste e ao mesmo tempo importante para continuar vivendo o que eu tento viver.
Há contradições da vida, que me entristecem, mas é facil se entristecer quando está do lado mais fácil.
DubAtack na Praça, cheio de gente, tinha gente trabalhando, tinha uns se divertindo e trabalhando. Pintada de várias cores, o espaço me satisfazia, como quando vou ao centro da cidade e encontro pessoas de todas as cores, classes, pensamentos, andando juntas.
Um schape de skate do amigo ali do lado, estavamos sentadas nas escadas da Assembléia, dois meninos sentam do nosso lado, perguntam se era nossa, pede pra sentar ao nosso lado, - Tudo bem, só nao estrague o schape. De acordo, sentado e nós ali, felizes, conversando, como quem confia em todos que estão por ali, todo mundo de igual pra igual, nao tinha do que desconfiar.
Cinco minutos e o schape some e um dos meninos tambem, Espera, minha confiança caiu por terra e eu me senti ofendida, invadida, triste e cheia de contradições.
- Cade essa merda, tá achando que a gente nao sabe que voce também está nessa?
(que que houve brother? - A mocinha reclamando que o cara aqui roubou o shape)
- Não disfarça nao amigo, a gente sabe que voce também está nessa, nao vem com essa não. Se tu quer ser ligeiro, ok, eu tbm sou. Eu nao vou chamar a polícia, ó onde estamos e também porque odeio polícia, mas pensa no que ces tão fazendo. Sou tão ligeira quanto voces, mas se querem foder alguem, faz isso nos lugares de filhos da puta, que pisam na gente, aqui está todo mundo de igual pra igual, num fode.
aparecem muitos caras juntos perguntando qualé que tinha sido, e rindo do esporro que eu dei.

Não o culpo nao, estava ganhando a noite dele, essa é uma das contradições em que a gente tem que viver. Ele só não imaginou que encontraria alguem tão ligeiro quanto ele.

Capitães da areia - PRESENTE!

10 novembro 2013

Num sabado a tarde!

Era uma vez uma mocinha cheia de afazeres. Num sábado de tarde uma das suas tarefas foi cancelada e ela decidiu fazer algo novo. Estava passeando, viu um salão de "Beleza". Entrou.
- Corta tudo, minha vida está precisando ser renovada