Me disseram, assim que 2012 começou, que seria o pior ano.
Vi muitas pessoas reclamando e até àqueles com medo do fim do mundo. Amigos
fazendo cirurgia espiritual, outros fugindo para lugares bem distante,
encontrei amigos terminando namoros duradouros e até aqueles que se afundaram
nas drogas por causa de tantos amores perdidos. E eu, não podendo reclamar uma
palhinha, um minuto do tal ano maldito.
Passei na faculdade, fui desejada por rapazes “numero 1”, me
mudei da casa dos meus pais, conheci pessoas maravilhosas e reatei relações com
àqueles que tanto fizeram falta nesses anos anteriores. Reencontrei pessoas
perdidas no mundo espiritual, e as deixadas no passado, meus assuntos e ideais
passaram a fazer sentido e as pessoas numa roda de conversa até começaram a
prestar atenção sem me deixar falando sozinha ou fingirem entender. Tudo
começou a fazer realmente sentido.
Tudo começou a fazer realmente sentido, alguns conceitos
conservadores deixados de lado e outros mais libertários reforçados, minha
liberdade pessoal conquistada e àquela social começando a transparecer e não
mais machucando meu ego. Consigo lidar com relacionamentos amorosos sem me
prender a sentimentos e egoísmos, e o melhor, a cada dia me sinto mais livre,
de sentimentos grudentos e que sempre me causavam mal estar.
Viajei mais, conheci lugares, pessoas, tive experiências e
sentimentos diferentes que gostei e ainda quero voltar a experimentar. Fui
embora de onde não queria e voltei a lugares banais e nojentos, mas que ao
mesmo tempo, me fizeram bem de alguma forma. Peguei a estrada de bicicleta,
pedalando durante 10 horas. Caminhei 3 horas de noite, bêbada de vinho, para
chegar a um lugar nojento, mas onde conheci pessoas encantadoras e experimentei
sensações bizarramente lindas. Viajei 3 dias num ônibus, com pessoas diversas,
pensamentos, ideias, conversas, tudo muito diferente do que já conheci até
hoje. Precisei pedir comida e recebendo um não, comi restos, temperados pela
fome, de pessoas que mal tocaram na comida. Andei de barco, vi pássaros
vermelhos voando sobre mangues e peixes em rios transparentes. Rodei e não fui
fichada, nem perdi o dinheiro da viagem inteira – descobri que existem
policiais honestos, ou pelo menos naquele momento não fizeram da corrupção um
meio para ganhar dinheiro.
Me esbarrei com rapazes encantadores, entre violões,
bicicletas, seriados, barracas, bebidas, olhares, chuvas, cabelos, roupas (ou a falta delas),
malas, sangues, sorrisos, sofrimentos , aprendi que o amor é passageiro e que
pode-se apaixonar por mais amores do que imaginamos ao mesmo tempo, entre
amizades e ódios, conseguindo conciliar o sentimento de desejo e repulsa, e o
melhor, que podemos aprender com qualquer tipo de sentimento, seja ele doloroso
ou cheio de prazer. Enfim, me encantei e desencantei tantas vezes, que o amor
foi múltiplo nesse ano tão recheado de coisas boas.
Ah a vida, se a cada ano eu aprendesse e vivesse como nesse
ano, ele foi conturbado também, mas positivamente, cheio de prazeres,
aprendizados e conhecimentos encantadores, melhor do que o meu melhor ano –
2006 – esse ano foi para mim, o melhor de toda a minha vida.