27 abril 2013
Por Neal Cassady
"Ruas escuras, centenas de automóveis silenciosos estacionados em cima da estrada de ferro, edifícios mamutes, muitos com as luzes ainda acesas, aparecendo de súbito contra o perfil mais escuro, casas isoladas, casa de sujeira, de barulho, umas alegres, depois escuras, muito escuras; fico imaginando como sao seus moradores. Outdoors, cartazes enormes, beba isso, coma aquilo, use todo tipo de coisas, TODOS VOCES, o melhor, o mais barato, o mais puro e que lhe dará mais satisfação entre todos os congêneres existentes no mercado. Luzes vermelhas piscando de todos os lados, cuidado aviões; carros zunindo, faróis, mais luzes. Trabalhadores consertam os encanamentos de gás. Anúncios, anúncios, luzes, ruas, ruas; é a escuridão entre elas que me atrai - o que estará acontecendo ali nesse exato instante? Que coisas escondidas, gloriosas talvez, passamos e perdemos para sempre. A congestão diminui, um cone de vazios mais largos se estende à frente do trem, agora deixamos o centro, e passado seu núcleo principal, as linhas interligadas perdem o pulso e nos entregam ao cuidado meticuloso do plano automático do Sistema. O labirinto de trilhos se desenovela das teias de cruzamentos de intelectualidade ferroviária para se tornar uma simples e digna linha principal; essas costelas de medidas precisas tão incessantemente trabalhadas, respeitadas, temidas. Oh, infindável estrada! da auto-intriga"
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