O metro passa, vejo-o dentro e continuo parada, pasma, com pensamentos que nunca tive sobre o tal:
"Como pode, eu politicamente correta, pensando no meu futuro, de como será quando sair da casa dos meus pais, pensando nele, um cara nem ai com a vida, com seus vinte tantos anos agregado do pai, desempregado."
Já foi, e eu continuo ali parada sem saber o que fazer, penso em ir embora mas não consigo, alguma coisa me prende naquela estação, pode ser que algo tenha acontecido, mas não sei não é lembrado por mim.
Pego o ultimo cigarro da bolsa e penso que aquele será o ultimo, como tantas outras vezes. Saio andando para pegar o trem, até porque já passam das 11 e como criança sou, deveria já estar em casa.
Entro no vagão, uma solidão incontestável, parecia ser o fim do mundo e eu era a ultima naquele momento. Bêbada de sono e de alguns copos de cerveja fico ali brisando, lembrando cada minuto, cada momento, mesmo nada ter acontecido, parecia ter acontecido, nenhum olhar, nem uma tocada de mão, nada, mas parecia ter acontecido. Tento esquecer, até porque não quero saber de alguém que tenha um compromisso com algum.
Lembro daquelas historias todas contadas na mesa do bar, tenho mais certeza de que não pode ser, de que tenho que esquece-lo.