27 agosto 2011
a imortalidade
a beleza não está na face de quem vê, mas no consciente de quem conhece profundamente o outro alguém, a face é só a genética emprestada dos seus antepassados, mascara de um sentimento, de uma inteligencia.
entre pai e filho
- pai de onde eu vim?
- de uma caixinha
- uma caixinha? e do que ela era?
- você nasceu bem pequenininho, cabia numa caixinha de fosforo
- mas caixinhas de fosforo não tem fosforo?
- sim, nós compramos uma e você veio de brinde
- compra uma dessas de novo?, mas eu quero cor de rosa
- mas pra que?
- pra vir uma irmazinha, as cores de rosa são para menina não?
- pode deixar, mas vai demorar
- porque?
- da loja que o papai comprou você, a promoção acabou, preciso encontrar uma outra vendedora para poder comprar.
- não esquece, eu quero cor de rosa
- de uma caixinha
- uma caixinha? e do que ela era?
- você nasceu bem pequenininho, cabia numa caixinha de fosforo
- mas caixinhas de fosforo não tem fosforo?
- sim, nós compramos uma e você veio de brinde
- compra uma dessas de novo?, mas eu quero cor de rosa
- mas pra que?
- pra vir uma irmazinha, as cores de rosa são para menina não?
- pode deixar, mas vai demorar
- porque?
- da loja que o papai comprou você, a promoção acabou, preciso encontrar uma outra vendedora para poder comprar.
- não esquece, eu quero cor de rosa
23 agosto 2011
Por Milan Kundera
(espere pela sua morte - titulo dado por mim)
Sobre todos os cumes
é o silencio,
Na copa de todas as árvores
Você sente
Apenas um suspiro
Os passarinhos se calam na floresta.
Tenha paciência, logo
Você descansará também.
Sobre todos os cumes
é o silencio,
Na copa de todas as árvores
Você sente
Apenas um suspiro
Os passarinhos se calam na floresta.
Tenha paciência, logo
Você descansará também.
21 agosto 2011
medo do frio
certo dia um grupo de adolescentes passando pela praça da sé, encontram um cachorrinho filhote passando frio e fome em baixo de um banco, movidos pelo sentimento decidem fazer de tudo para encontrar um abrigo digno para o cachorro, criam uma grande movimentação virtual, panfletam na saída do metro e comunicam instituições caninas.
um morador de rua de cinquenta e tantos anos muito emocionado com a cena dorme feliz com a reação dos garotos e sonha um dia acordar com rabinho e orelhas empinadas, acredita que apenas dessa forma encontrará um novo e aconchegante lar.
um morador de rua de cinquenta e tantos anos muito emocionado com a cena dorme feliz com a reação dos garotos e sonha um dia acordar com rabinho e orelhas empinadas, acredita que apenas dessa forma encontrará um novo e aconchegante lar.
16 agosto 2011
Todos os homens sao mortais
- pensa realmente que não morrerá nunca?
- mesmo quando quero morrer não posso - disse ele
- ah! se eu acreditasse ser imortal!
- então?
- o mundo seria meu
- também pensei isso. há muito tempo
- porque não pensa mais?
- voce não pode imaginar isto: estarei aqui ainda, estarei aqui sempre!
...
- vivo e não tenho vida. não morrerei nunca e não tenho futuro. não sou ninguém. não tenho história nem fisionomia.
- tem - consolou ela docemente - eu o vejo.
- você me vê
- se ao menos a gente pudesse não ser absolutamente nada. mas há sempre outras pessoas na terra e elas nos vêem. Falam e não podemos deixar de ouvi-las, e respondemos, e recomeçamos a viver sabendo que não existimos. não tem fim.
-mas você existe
- existo para você neste instante. e você, você existe?
- naturalmente. como você.
ela pegou-lhe o braço:
- não sente minha mãe sobre seu braço?
ele olhou a mão:
- a mão sim, mas que significa isso?
- é minha mão
- sua mão
- seria preciso que me amasse e que eu a amasse. então você estaria onde você está; sei que sua boca existe - disse subitamente. seus lábios esmagaram-se contra os de Régine; ela fechou os olhos. a noite eclodira; já tinha começado há séculos e não acabaria mais. do fundo do tempo, um desejo ardente, selvagem, viera pousar-se na sua boca e ela entregara-se a esse beijo. o beijo de um louco, num quarto com cheiro de amoníaco.
- mesmo quando quero morrer não posso - disse ele
- ah! se eu acreditasse ser imortal!
- então?
- o mundo seria meu
- também pensei isso. há muito tempo
- porque não pensa mais?
- voce não pode imaginar isto: estarei aqui ainda, estarei aqui sempre!
...
- vivo e não tenho vida. não morrerei nunca e não tenho futuro. não sou ninguém. não tenho história nem fisionomia.
- tem - consolou ela docemente - eu o vejo.
- você me vê
- se ao menos a gente pudesse não ser absolutamente nada. mas há sempre outras pessoas na terra e elas nos vêem. Falam e não podemos deixar de ouvi-las, e respondemos, e recomeçamos a viver sabendo que não existimos. não tem fim.
-mas você existe
- existo para você neste instante. e você, você existe?
- naturalmente. como você.
ela pegou-lhe o braço:
- não sente minha mãe sobre seu braço?
ele olhou a mão:
- a mão sim, mas que significa isso?
- é minha mão
- sua mão
- seria preciso que me amasse e que eu a amasse. então você estaria onde você está; sei que sua boca existe - disse subitamente. seus lábios esmagaram-se contra os de Régine; ela fechou os olhos. a noite eclodira; já tinha começado há séculos e não acabaria mais. do fundo do tempo, um desejo ardente, selvagem, viera pousar-se na sua boca e ela entregara-se a esse beijo. o beijo de um louco, num quarto com cheiro de amoníaco.
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